A REFER está a restaurar os mais de três mil azulejos da Estação do Pinhão, Alijó, na linha ferroviária do Douro. Ao todo são 24 painéis de azulejos que retratam os costumes e paisagens daquela região marcada pela vitivinicultura.
A Estação do Pinhão é um dos locais mais visitados do Douro muito por causa dos painéis de azulejos do edifício principal, que representam cenas, paisagens e costumes da principal actividade económica da região - a vitivinicultura.
A REFER iniciou em Dezembro de 2010 uma intervenção, fiscalizada pelo Museu Nacional do Azulejo, que ficará concluída em Junho de 2011, após um investimento superior a 84 mil euros.
Fernando Pereira, da área da manutenção das infra-estruturas rodoviárias da empresa, explicou que foram «diagnosticados» vários problemas nos azulejos datados de 1937 e encomendados à fábrica Aleluia, de Aveiro.
Pedro Ivo Ferin, que integra a equipa de restauro, disse que encontrou um cenário «mal estimado». Ou seja, foram detectados «problemas graves» com danificação a nível do vidrado dos azulejos, provocados por actos de vandalismo ou manobras de carros, na fachada virada para a rua.
Foi ainda verificada alguma contaminação biológica, como algas provocadas pela humidade que se começaram a desenvolver nas juntas, bem como azulejos descolados e em risco de cair ou até trocados, devido a reparações anteriores mal feitas.
A equipa trabalhou em alguns painéis sem proceder à remoção dos azulejos, mas em casos mais graves e onde a argamassa apresentava problemas foi necessário remover alguns. Ao todo, segundo Ivo Ferin, foram removidos cerca de 1250 azulejos.
«Depois fizemos a limpeza desses azulejos, a colagem de todas as fracturas, a consolidação de vidrados, onde estes estavam frágeis, e fizemos a triagem dos azulejos que iam ser trocados e depois submetidos a um banho de dessalinização para a remoção dos sais», salientou.
É um trabalho minucioso, cuidado, que tem um lado «artesanal e de muita paciência» ao qual é preciso juntar «uma intervenção científica».
«São azulejos com valor histórico, muito específicos, muito característicos desta época, décadas de 30 e 40 do século XX, com representações bucólicas típicas desta região», salientou.
Considerou ainda que este património «fez parte de uma política do Estado de, na altura, evocar velhos valores da história portuguesa». Nestes painéis em pleno Douro vinhateiro podem-se ver as vindimas ou a vindimadora sozinha entre as videiras, os homens a carregar os grandes cestos ou a encher os rabelos com vinho do Porto.
Segundo Fernando Pereira, a REFER iniciou o processo de restauro e conservação do património azulejar na Estação Porto – São Bento, com cerca de 30 mil azulejos, e, depois do Pinhão, pretende avançar para Évora e Caminha.
A Estação do Pinhão fica localizada na margem direita do rio Douro, ao quilómetro 126 da Linha do Douro e é um exemplar da arquitectura ferroviária portuguesa tradicional.
Texto in http://cafeportugal.net/default.aspx
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