A Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua vai gerir inicialmente um fundo de desenvolvimento regional de 20 milhões de euros para investir nos cinco concelhos do Vale do Tua, para além dos 35 milhões de euros que se prevê venha a custar o plano de mobilidade. A Agência conta com um capital social de 50 mil euros repartido pelas cinco autarquias, Mirandela, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Murça e Alijó, que detêm 51 por cento, e a EDP que fica com 49.
A albufeira vai submergir 16 quilómetros da linha que se encontra desactivada há mais de dois anos. Em troca da barragem, vão agora ser investidos 35 milhões de euros para criar um novo plano de mobilidade na zona que implica um pequeno troço de via férrea da estação do Tua ao paredão, um funicular, dois barcos para levarem os passageiros até à Brunheda e comboio até Mirandela. O montante destina-se ainda a consolidar o que restar da linha e à aquisição de novas carruagens.
“Estávamos abertos a fazê-lo e junto com os autarcas conseguimos estabelecer um programa que vai de encontro aos desejos de todas as autarquias e no qual a EDP disponibilizou um valor na ordem dos 10 milhões de euros” confirma Ferreira da Costa, administrador da EDP, acrescentando que “foi o que achamos que deveríamos fazer pelo facto de querermos desenvolver uma região”.
O autarca de Alijó faz questão de sublinhar as mais-valias desta agência dizendo que é uma solução exemplar, em Portugal em matéria de construções de aproveitamentos hidroeléctricos. “Pela primeira vez não há apenas um indemnização pelos terrenos que são ocupados, há uma estratégia de desenvolvimento para todo o vale do Tua articulado entre poder locais, regionais e centrais e entre a empresa que vai fazer este empreendimento” refere Artur Cascarejo.
José Silvano, presidente da Câmara de Mirandela dá por perdida a luta pela Linha do Tua e diz que agora é preciso lutar pelas compensações adequadas para esta região. “Perdi a luta da linha a favor da barragem, agora tenho de lutar pelas contrapartidas dessa barragem e defender as populações daquilo que perderam”, diz o autarca mirandelense.
Os autarcas dizem que é preciso lutarem pela coesão e desenvolvimento do vale do Tua, mas o autarca de Murça já avisou que vai estar atento. “Eu lutarei para que os projectos de uma forma igualitária para todos os municípios” afirma João Luís Teixeira.
A escritura da criação deste novo organismo decorreu em Mirandela, com a presença dos autarcas dos cinco municípios associados e do administrador da EDP Produção. Inicialmente a sede fica na Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, decisão que não reuniu consenso entre os autarcas. José Luís Correia, presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães defende que “a instalação deveria ser em Foz Tua. É uma injustiça a sede ser em Mirandela. Mirandela foi sempre contra a construção da barragem e é Mirandela que começa já a ganhar contra a construção da barragem. O local natural será Foz Tua, que está a 1900 metros da barragem”, defende.
(04-4-2011)